MIS traz homenagem as mulheres
Crédito: MIS
Além de um debate, acontece a exibição do making of do filme Era o Hotel Cambridge, premiado longa dirigido por Eliane Caffé que narra a trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, juntos com trabalhadores sem-teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro de São Paulo

No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o MIS – instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – traz um evento especial, Mulheres guerreiras, que discutirá a atuação das mulheres na luta pelo direito à moradia.  A entrada é gratuita, com retirada de senha na recepção do MIS a partir das 19h. O evento começa às 20h.
Mulheres guerreiras tem início com a exibição do making of do filme Era o Hotel Cambridge, dirigido por Eliane Caffé, que estreia nacionalmente no dia 16 de março e narra a trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, juntos com trabalhadores sem-teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro de São Paulo.
A exibição do making of será seguida de debate com a diretora de arte do filme, Carla Caffé, a protagonista do documentário, Carmen Silva, da FLM – Frente de Luta por Moradia e a diretora do filme, Eliana Caffé. Também está prevista a participação de duas mulheres refugiadas, Ola AlSaghir, da Síria, e Mamie Pemba Bazonga, da República Democrática do Congo. No debate será abordada a luta pelo direito à moradia sob a perspectiva destas mulheres, mães, estrangeiras e refugiadas, a partir de suas experiências pessoais.
"A presença mais atuante e surpreendente dos movimentos de luta por moradia é feminina. São mulheres corajosas, agregadoras e sensíveis aos sofrimentos – e também às alegrias – de centenas de milhares de famílias que lutam dia a dia, no mundo todo, nos corredores dos prédios e terrenos abandonados pela especulação imobiliária. Carmen Silva, que representa no filme a mobilização do gênero feminino como a principal força transformadora do século XXI, dividirá neste bate-papo no MIS esta experiência com o público", diz a diretora, Eliana Caffé.
“A mulher como figura centrada e acolhedora  se encarrega cada vez  mais com  a responsabilidade  da proteção. Assim, na necessidade, torna-se  a protagonista da defesa de direitos  pelos seus entes. Por  ser uma sobrevivente  sensível, permissiva e compreensiva, ao mesmo  tempo que se fortalece, agrega aos demais toda sua força intensa”, salienta Carmen Silva, que recebeu o prêmio APCA 2016, categoria Apropriação urbana, pelas ações desenvolvidas na ocupação Cambridge.
Saiba mais sobre as participantes do debate:
Eliane Caffé iniciou a carreira no cinema com os curtas Arabesco (1990) e Caligrama (1995). Em seguida, realizou os longas-metragens, Kenoma (1998),Narradores de Javé (2004),   O sol do meio-dia (2009) e Era o Hotel Cambridge; todos com prêmios importantes em vários festivais e mostras nacionais e internacionais. Também dirigiu séries e documentários para TV. Paralelamente ao cinema, a diretora dedica-se a coordenação de oficinas audiovisuais em zonas de conflito nas cidades e no interior do Brasil.
Carla Caffé, além de diretora de arte de Era o Hotel Cambridge, é arquiteta e ilustradora. No cinema, entre outros filmes, assinou a direção de arte do Central do Brasil (1998) e O primeiro dia (1998), ambos de Walter Salles;  Bossa Nova (2000), de Bruno Barreto e Narradores de Javé (2004), de Eliane Caffé. Desde 2010 é professora de desenho na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Escola da Cidade e nas Oficinas de Criatividade do Sesc Pompéia.
Carmen Silva, Diretora da FLM – Frente de Luta por Moradia – atua no filme Era O Hotel Cambridge como protagonista fazendo o papel de si mesma. É uma das principais lideranças na cidade de São Paulo no movimento em favor dos sem-teto, pelo direito à moradia. Para superar uma situação de violência doméstica, Carmen Silva mudou-se da Bahia para São Paulo e ela mesma foi uma sem-teto. Imigrante, com oito filhos, entrou na luta pela reforma urbana e constituiu vários oásis de solidariedade e respeito em São Paulo.
Mamie Pemba Bazonga, de Kinshasa, República Democrática do Congo, vive há três anos no Brasil. Casada e mãe de duas filhas, Priscila de sete e Estrela, que completará um ano em 2017. Trabalhava como cinegrafista em seu país. No Brasil, ainda não conseguiu trabalho.
Ola AlSaghir nasceu na cidade Homs, Síria. E formada em administração de empresas, e considera-se uma refugiada desde o seu nascimento: “Meus pais eram palestinos, mas residiam na Síria quando nasci. Eles me ensinaram que a nacionalidade vem do sangue, das origens, portanto, as minhas raízes são palestinas”. Ao se casar em 2012, mudou-se para Damasco justamente no ano em que a guerra se intensificou e por isso precisou retornar para Homs, pois sua casa fora destruída. Vivendo em situação de guerra por três anos e já com um filho pequeno, resolveu embarcar para o Brasil com o marido com a esperança de poder começar uma nova vida, deixando sua família em sua cidade natal. Desde que chegou ao Brasil, em março de 2015, vem se dedicando à sua carreira profissional como cantora de música árabe. E, ao lado do marido também produz a Comida da Vovó Árabe.
Making do filme Era o Hotel Cambridge (Dir. Eliana Caffé, Brasil, 28’)
making of traz diversas cenas e material de bastidores do filme Era o Hotel Cambridge. O filme conta a inusitada trajetória de um grupo de refugiados que divide com os sem-teto uma ocupação no centro de São Paulo. Na tensão diária pela ameaça de despejo, revelam-se pequenos dramas, alegrias e diferentes visões de mundo dos ocupantes.


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